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domingo, janeiro 15, 2006

Nosso Maior Adversário

Sempre que me diziam que "o maior adversário do Brasil nesta Copa é o próprio Brasil", eu era tomado por uma convicção quase religiosa de estar diante de um perfeito imbecil.

Mas de tanto falarem, ou errar feio na loteria esportiva, comecei a crer que me revelavam a Verdade. Juro. Uma Verdade Metafísica, uma Verdade Matemática. E que portanto só estava faltando alguém demonstrar. Mas agora não falta mais. A prova de que o Brasil seja o seu maior adversário na Copa:

Dida: tão tonto quanto aparenta. Atabalhoado pra sair do gol, erra passes de meio metro, e é um incorrigível frangueiro. Frangueiríssimo. No passado, defendeu pênaltis cobrados à sua direita; mas depois o pessoal deu reparo.

Cafú: pra que serve um lateral que não sabe cruzar? Só se for pra confundir os adversários. Sua única virtude, um formidável preparo físico, foi pra cucuia há tempos, razão por que consagrou-se como o recordista de faltas na última Copa. Mas nesta ele promete se superar.

Lúcio: sua principal jogada é ir ao ataque perder a bola. Depois ele se destempera e passa a distribuir chutões. Nos companheiros, nos adversários, nos bandeirinhas; indiscriminadamente.

Roque Júnior: surpreende que não tenha feito a vida no Japão, vez que o ippon em lances de bola parada seja sua característica mais marcante -- mais até do que o cabelo. Ultimamente, vem sendo substituído pela eterna promessa Juan, zagueiro discretíssimo, que se sustenta via o mito vago-específico de um certo apuro técnico, que Popper jamais considerou cientificamente falsificável.

Roberto Carlos: lateral que só faz cobrar lateral. Criador da fabulosa biciscrota, fez três gols de falta na vida, e é natural que por isso sua poderosa canhota seja mundialmente celebrada. Possivelmente, o jogador mais mascarado de toda história (não só do futebol, mas de todos os esportes), e por isso humilhado regularmente em competições de âmbito mundial, nacional, ou interbairros. Prefiram o cantor.

Emerson: voltante fundamental para a conquista de 2002, ao se contundir na véspera do torneio.

0-Berto: o eterno fruto da vaidade de Parreira. Nem ele sabe bem o que está fazendo por ali, quando Juninho Pernambucano é um dos melhores segundos volantes do mundo -- posição que, junto com a do ponta esquerda, é onde se costumam alocar os cafés-com-leite toda pelada.

Kaká: a mediocridade levada às últimas conseqüências. Jogador nota 7. Seu recorde foi um 7,5, ocasião em que apanhou de cinta. Regularidade ali é mato.

Ronaldinho Gaúcho: o melhor do mundo, a magia do futebol brasileiro feita carne. Mas só quando joga pelo Barcelona, que ninguém é de ferro.

Ronaldo Bussunda: já foi um grande atacante; agora é um atacante grande. Ou extra-grande, dependendo da marca.

Adriano: fez uma boa temporada, e só. Sua principal jogada, mandar o canudo da entrada da área, impressionou no começo, mas agora é facilmente marcável. Muito brucutu, eventualmente realiza uma jogada de nível mediano, surpreendendo a zaga adversária. É nossa maior esperança.

Quod Erat Demonstrandum. E isso sem nem falar do Zagallo.

Em breve analisaremos os reservas, as pinturas de Parreira, as viúvas de Garrincha, e, se não rolar um trem da alegria em junho, o caixa-dois de Ricardo Peixeira.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Mil Meu Com Mil Teu

E daí que dos 944 gols de Romário, hum milhão sejam de pênalti roubado, e outros quinhentos contra o time sem-camisa? Toda contabilidade dá margem pra fraude, ou o mundo seria redutível a um T, e a de gols não pode ser exceção.

No passado, Pelé contou gols pela Guarda-Costeira, pelo Sindicato de Atletas, contra bambalas da África, e até do Coutinho deve ter roubado alguns. Por que o Romário não pode? Se o Fenomenaldo, no auge, já anotava em sua caderneta uns gols de pré-temporada contra o Bormiese, num 17 a 0... Ah, calem a boca e deixem o time de bombeiros ajudar o baixinho, seus molóides.

E digo mais: antes isso que os critérios adotados por entidades seriíssimas como a IFFHS. Lá, por exemplo, os gols de Romário pelo campeonato carioca contam, mas só até 2002. Depois disso, o campeonato brasileiro passou a ser de pontos corridos, então para fins estatísticos os do carioca não valem. Ahein? Não é à toa que na hora de avaliar Pelé, consideram estatisticamente relevantes somente 541.

Critério de coupe é rola, não declamava o poeta, e por isso aceitaremos as contas de Romário -- até porque ele nunca foi garçon. Além do quê, só assim ele se aposenta de uma vez, que ninguém aguenta mais essa mala.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

O Evangelho Segundo São Matthäus

Agora que Jota Paulo II está morto mesmo, deixaram o turco sair do cadeião. Pela lógica, se ele tivesse atirado certo, nem precisava ir pro xilindró.

Ok, sei que a coisa é mais complicada, teve uns argumentos jurídicos no meio, talvez a dona Gislaine* esteja até envolvida. Mas o negócio é o seguinte: como diz um amigo meu, se ele não for matar o nazista, ao menos o mandem ao brasil pra matar o sambista. Não é pedir muito. Não é nem favor.

(*) devogada e maior filha-da-puta do futebol brasileiro -- desconfie de qualquer idealista que lucre com o seu ideal...

Já suicídio assistido, é o que veremos no Atlético do Paraná. Chegou Lothar Matthäus, ex-craque e técnico meia-boca. Não conhece os adversários, os próprios jogadores, sequer compreende nosso idioma. Chances de sucesso: 9 em 10. De suicídio. O resto vai de apedrejamento em praça pública ao bom e velho "tome bala na testa".

E sim, eu sei que o ex-capitão levou uma turminha para lhe ajudar. Mas esse negócio de alemão andando em turma no estrangeiro, quando não é invasão, é turismo sexual. Podes crer. Quiser ganhar do Atlético, é só pôr uma mulata na frente da comissão técnica.

Mas se não puser dá na mesma, que alemão só entende de carro.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Por uma Porrada de Dólares

Ariel Sharon moveu ontem o lado esquerdo do corpo e mais dezessete famílias dos assentamentos em Gaza. Mesmo em coma, está muito melhor que Ronaldo.

Porque domingo passado Ronaldo fez o que Ronaldo faz melhor: contundir-se. É o novo Romário. Só faltam quinhentos gols e aprender a cabecear.

A mídia espertalhizada alega o frio como o responsável pelo nono ano consecutivo que nosso Fenômeno começa em contusão. Ah, um momento: nem um ornitorrinco demora tanto pra se adaptar.

Situação bem mais dramática, por exemplo, é a dos que vêm jogar no Brasil. Além do calor insuportável, dos campos esburacados, dos salários mixos e atrasados, têm de jogar duas a três vezes por dia, devido a esse nosso calendário caótico e formidável.

E ainda têm de escutar gente ralhando, querendo reduzir a três estrangeiros por equipe, bradando aos quatro ventos que estejamos sendo invadidos. E se estivermos? e daí? Pior pra quem está invadindo.

E, de mais a mais, mesmo com o ingresso de um número infinito de jogadores, a balança ainda nos seria favorável -- sem alusões ao Fenômeno.

Quer reduzir para três estrangeiros? Ok, ok, aceito. Mas do mercosul não conta. Demora mais pra chegar no Acre.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

A Essência da Matemática Radica na sua Liberdade

Li no blog do PVC, que a Federação Internacional de História e Estatísticas de Futebol elegeu como campeonatos mais difíceis do mundo o inglês, o italiano e o francês.

A notícia deve abalar as casas de apostas, pois como os três campeonatos mais difíceis têm líderes com larga vantagem, deduz-se que sejam favoritos absolutos para a Liga dos Campeões. Isso aí: não percam tempo com Ronaldinho, Eto'o, Messi & cia, não. Apostem tudo no Chelsea; e o que sobrar, no Lyon e na velha senhora...

Mas sabem de uma coisa? Se esta jericada fosse um caso isolado, eu deixaria passar. Porém acompanho o futebol há algum tempo, e estou certo de que haja um complô altamente perverso deste meio contra o profissional da estatística: porque é impossível acreditar que todas essas bobagens que leiamos por aí* sejam um trabalho sério.

(*) outro dia mesmo, publicaram um estudo usando o método de Montecarlo (absolutamente desnecessário; uma planilha no Excel resolve) para demonstrarem que a República Tcheca tem mais chances de vencer a Copa que, por exemplio, a Itália ou a Argentina

E o mais curioso é que esta mesma federação, não faz duas semanas, em vez de apontar o Chelsea ou a Juve como melhor time da atualidade, diz que não, que timaço é a Inter de Milão. Estamos falando da mesma Inter que não ganha um título que preste há mais de quinze anos? Se o presente não explica, e o passado menos, então o quê? E o ranking não pára por aí, não: provam os números que o Fluminense, hoje, é melhor que o Barcelona. Como? Só se for na sua bunda.

Aí, não. Está certo que alemão não entenda de futebol, que considere Ballacko um craque, e ache Marcelinho Paraíba tudibom, mas vocês estão exagerando, está dando muito na cara. Merece maiores comentários a indicação de Araújo como o artilheiro do ano? Não. Porque, repito, é um complô contra os pobres estatísticos. Um complô bastante desnecessário, diga-se de passagem -- até parece que eles precisavam de ajuda...

quarta-feira, janeiro 04, 2006

O Melhor de Todos

Estou acompanhando todos os jogos da Copa São Paulo de juniors, até as preliminares. Tem um baixinho no Truci do Mato Grande que joga muito. É o novo Ruy Ramos!

Sim, sim, o maior de todos foi Ruy Ramos; um estilista nas quatro linhas e só -- como demonstra a singela fotografia. Maradona e Pelé que nada; campeões indiscutíveis, só na hora de falar burrada.

Se bem que até nesse quesito o Lelé decidiu superar o argentino. O nosso craque, que nunca foi de dizer coisa com coisa, agora resolveu exagerar: declarou que mantém a forma pescando, e que pretende jogar no Maracanã no dia de seu centenário. Acuma? Jogar, só se forem as cinzas do negão no meio do gramado, só pode ser. Quer uma saideira? Vai dividir a bola com o Júnior Baiano. É cada uma...

E neste ínterim, empolgadíssimo com o ibope de sua aparição na Noche Del Diez, Chulé resolveu também que lançará um novo CD. Com a fina flor de seu repertório, composições belíssimas, de um nível de "Quem sou eu, Maradona, e quem é você?"

Quem ou o quê o Pelé seja, eu não sei. Mas pelo menos o Maradona tem a desculpa de ter cheirado duzentos quilos de cocaína antes de começar a relinchar em público. Ê, limonada.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Pra Começar Bem

Não vou comentar a incapacidade da CBF de enviar um fax. A gente sabe que nessa parte burocrática eles são complicados mesmo, até porque ajuda na hora de desviar -- e ninguém é de ferro, embora o Tony Stark esteja aí pra me contestar. E outra: se não conseguem nem marcar os amistosos da seleção direito, seria tolo ao ponto do ridículo que esperássemos presteza e eficiência na hora de mexer com as coisas dos outros (no bom sentido)...

Em vez disso, discorrerei e descarrilarei sobre esta bela Copa São Paulo de júniors, sem dúvida a competição mais imbecil do calendário desportivo nacional. A mais imbecil? Isso aí, a mais imbecil; pois já que é definida como vitrina, dita a boa educação que comecemos a atirar pedras.


a mídia especializada na alvorada de um novo ano

De longe a mais banal, a mais boçal; e olha que nós temos duas ligas nacionais de basquete (embora não tenhamos basquete), corrida bíblica, celebrities' purrinha, além de um monte de competições em piscina de 25 metros -- que é mais ou menos como aquelas ligas mundiais norte-americanas, disputadas somente por times do próprio país.

Copa SP de Jrs.: muito se poderia ridicularizá-la, mas serei humilde, fico somente com o número de times: 88. É promessa? 88 times, em 22 grupos de 4. Ou seja: mais um pouco, e lançaremos mão de letras gregas, ideogramas, runas, ou até mesmo caracteres tipográficos do livro de São Cipriano.

Mas apesar do ricículo, torço mesmo assim. Torço pra que no próximo campeonato, os times passem de 100. Porque se é pra fazer merda, convém que se faça completa.