Nosso Maior Adversário
Sempre que me diziam que "o maior adversário do Brasil nesta Copa é o próprio Brasil", eu era tomado por uma convicção quase religiosa de estar diante de um perfeito imbecil.
Mas de tanto falarem, ou errar feio na loteria esportiva, comecei a crer que me revelavam a Verdade. Juro. Uma Verdade Metafísica, uma Verdade Matemática. E que portanto só estava faltando alguém demonstrar. Mas agora não falta mais. A prova de que o Brasil seja o seu maior adversário na Copa:
Dida: tão tonto quanto aparenta. Atabalhoado pra sair do gol, erra passes de meio metro, e é um incorrigível frangueiro. Frangueiríssimo. No passado, defendeu pênaltis cobrados à sua direita; mas depois o pessoal deu reparo.
Cafú: pra que serve um lateral que não sabe cruzar? Só se for pra confundir os adversários. Sua única virtude, um formidável preparo físico, foi pra cucuia há tempos, razão por que consagrou-se como o recordista de faltas na última Copa. Mas nesta ele promete se superar.
Lúcio: sua principal jogada é ir ao ataque perder a bola. Depois ele se destempera e passa a distribuir chutões. Nos companheiros, nos adversários, nos bandeirinhas; indiscriminadamente.
Roque Júnior: surpreende que não tenha feito a vida no Japão, vez que o ippon em lances de bola parada seja sua característica mais marcante -- mais até do que o cabelo. Ultimamente, vem sendo substituído pela eterna promessa Juan, zagueiro discretíssimo, que se sustenta via o mito vago-específico de um certo apuro técnico, que Popper jamais considerou cientificamente falsificável.
Roberto Carlos: lateral que só faz cobrar lateral. Criador da fabulosa biciscrota, fez três gols de falta na vida, e é natural que por isso sua poderosa canhota seja mundialmente celebrada. Possivelmente, o jogador mais mascarado de toda história (não só do futebol, mas de todos os esportes), e por isso humilhado regularmente em competições de âmbito mundial, nacional, ou interbairros. Prefiram o cantor.
Emerson: voltante fundamental para a conquista de 2002, ao se contundir na véspera do torneio.
0-Berto: o eterno fruto da vaidade de Parreira. Nem ele sabe bem o que está fazendo por ali, quando Juninho Pernambucano é um dos melhores segundos volantes do mundo -- posição que, junto com a do ponta esquerda, é onde se costumam alocar os cafés-com-leite toda pelada.
Kaká: a mediocridade levada às últimas conseqüências. Jogador nota 7. Seu recorde foi um 7,5, ocasião em que apanhou de cinta. Regularidade ali é mato.
Ronaldinho Gaúcho: o melhor do mundo, a magia do futebol brasileiro feita carne. Mas só quando joga pelo Barcelona, que ninguém é de ferro.
Ronaldo Bussunda: já foi um grande atacante; agora é um atacante grande. Ou extra-grande, dependendo da marca.
Adriano: fez uma boa temporada, e só. Sua principal jogada, mandar o canudo da entrada da área, impressionou no começo, mas agora é facilmente marcável. Muito brucutu, eventualmente realiza uma jogada de nível mediano, surpreendendo a zaga adversária. É nossa maior esperança.
Quod Erat Demonstrandum. E isso sem nem falar do Zagallo.
Em breve analisaremos os reservas, as pinturas de Parreira, as viúvas de Garrincha, e, se não rolar um trem da alegria em junho, o caixa-dois de Ricardo Peixeira.
Mas de tanto falarem, ou errar feio na loteria esportiva, comecei a crer que me revelavam a Verdade. Juro. Uma Verdade Metafísica, uma Verdade Matemática. E que portanto só estava faltando alguém demonstrar. Mas agora não falta mais. A prova de que o Brasil seja o seu maior adversário na Copa:
Dida: tão tonto quanto aparenta. Atabalhoado pra sair do gol, erra passes de meio metro, e é um incorrigível frangueiro. Frangueiríssimo. No passado, defendeu pênaltis cobrados à sua direita; mas depois o pessoal deu reparo.
Cafú: pra que serve um lateral que não sabe cruzar? Só se for pra confundir os adversários. Sua única virtude, um formidável preparo físico, foi pra cucuia há tempos, razão por que consagrou-se como o recordista de faltas na última Copa. Mas nesta ele promete se superar.
Lúcio: sua principal jogada é ir ao ataque perder a bola. Depois ele se destempera e passa a distribuir chutões. Nos companheiros, nos adversários, nos bandeirinhas; indiscriminadamente.
Roque Júnior: surpreende que não tenha feito a vida no Japão, vez que o ippon em lances de bola parada seja sua característica mais marcante -- mais até do que o cabelo. Ultimamente, vem sendo substituído pela eterna promessa Juan, zagueiro discretíssimo, que se sustenta via o mito vago-específico de um certo apuro técnico, que Popper jamais considerou cientificamente falsificável.
Roberto Carlos: lateral que só faz cobrar lateral. Criador da fabulosa biciscrota, fez três gols de falta na vida, e é natural que por isso sua poderosa canhota seja mundialmente celebrada. Possivelmente, o jogador mais mascarado de toda história (não só do futebol, mas de todos os esportes), e por isso humilhado regularmente em competições de âmbito mundial, nacional, ou interbairros. Prefiram o cantor.
Emerson: voltante fundamental para a conquista de 2002, ao se contundir na véspera do torneio.
0-Berto: o eterno fruto da vaidade de Parreira. Nem ele sabe bem o que está fazendo por ali, quando Juninho Pernambucano é um dos melhores segundos volantes do mundo -- posição que, junto com a do ponta esquerda, é onde se costumam alocar os cafés-com-leite toda pelada.
Kaká: a mediocridade levada às últimas conseqüências. Jogador nota 7. Seu recorde foi um 7,5, ocasião em que apanhou de cinta. Regularidade ali é mato.
Ronaldinho Gaúcho: o melhor do mundo, a magia do futebol brasileiro feita carne. Mas só quando joga pelo Barcelona, que ninguém é de ferro.
Ronaldo Bussunda: já foi um grande atacante; agora é um atacante grande. Ou extra-grande, dependendo da marca.
Adriano: fez uma boa temporada, e só. Sua principal jogada, mandar o canudo da entrada da área, impressionou no começo, mas agora é facilmente marcável. Muito brucutu, eventualmente realiza uma jogada de nível mediano, surpreendendo a zaga adversária. É nossa maior esperança.
Quod Erat Demonstrandum. E isso sem nem falar do Zagallo.
Em breve analisaremos os reservas, as pinturas de Parreira, as viúvas de Garrincha, e, se não rolar um trem da alegria em junho, o caixa-dois de Ricardo Peixeira.