Após tantos anos, as olimpíadas tornam a seu sacro palco, mas estou pensando em Oscar: será que algum filme iraniano receberá estatueta? Premiar filme iraniano tira toda a graça da cerimônia -- já pouca. Ainda existe a de ver brasileiro se estrepar, mas a gente já se acostumou, e para isso basta o Rubinho na Ferrari.
Lembro-me de um filme terrível, intitulado Caminho para Kandahar, de um iraniano de nome complicado (pleonasmo), cuja cena mais importante era a de um avião da Cruz Vermelha jogando próteses de pernas via pára-quedas, e a população local correndo, à sua maneira, ao encontro destas. Daí vocês tiram.
Não me emocionei, porque a tevê sempre me ensinou a ver o paraplégico como um igual, não ser preconceituoso. Aliás, de acordo com um comercial do SBT, que dizia crise e oportunidade serem a mesma palavra em chinês enquanto o dólar disparava, ou com a canção final de A Vida de Brian, temos de enxergar os horrores da guerra sob outro prisma.
Um bom campo minado, por exemplo, é capaz de converter um país chulé numa potência olímpica, paraolímpica pra ser mais preciso; é o caminho mais rápido para a medalha. O problema é que no Brasil as pessoas não dão valor; em Sidney, por exemplo, levamos 6 (seis) de ouro, mas preferiam louvar em prosa e verso o pessoal do 4x100m, e cavalinho temperamental. Lula knows better.