(i) Futebol é quando o caloteiro chama o credor de mercenário e a galera vibra. Aplicando tal definição às passeatas contrárias ao FMI, comprova-se que o Brasil seja realmente o país do futebol.
(ii) Viver de pé que morrer ajoelhado. Tentei, mas ainda não entendi como jogar mal, igualando-se aos demais, pode aumentar as chances de vitória. Sem falar que ao se jogar bonito, mesmo perdendo restará a memória -- vide os magiares, a laranja mecânica*, a seleção de 82.
(*) se bem que desta eu me lembro mais pelo goleiro... tão pé-frio, que não bastou ser vice duas vezes: ainda perdeu o filho, também goleiro, fulminado por um raio durante uma partida.
(iii) O verdadeiro futebol brasileiro. Lateral, quando é bom, vai embora. E se vai embora, deixa de ser lateral. Será o fim de uma era? Ou ela até já acabou, e só insistimos por nos ter concedido nossas maiores glórias? [à parte os concursos de fantasia do Hotel Glória, mas isso também é passado]
(iv) A gente somos inútil. Por que Zagallo aceitou o cargo de coordenador, se em 1998 fazia questão de não ter ninguém a seu lado? (Zico foi imposição de Ricardo Teixeira)
(v) Ricardão. Falar em Ricardo Teixeira, ele tirou a confederação do vermelho, ganhou um sem-número de títulos, nosso campeonato é como a crônica sempre quis, em breve teremos uma copa por aqui, os estádios melhoraram, a arbitragem é mais transparente etc etc. O que a imprensa cobrará agora do presidente da CBF? Que ponha um calção e faça o gol do título?
(vi) Injustiçado? A imprensa é unânime em atestar a inépcia de Gustavo Nery. Logo Descartes existe. É injustiçado não pela convocação, mas por não ser o titular. Não é melhor que o Roberto Carlos, concordo. Mas vejam a lateral direita: um velho aleijado, e um reserva que não sabe marcar. Melhor que esses dois, o Gustavo Nery certamente seria.
(vii) Os imperdoáveis. Se Parreira está tão preocupado com o sistema defensivo, por que não começa escalando os nomes certos nestas posições? Goleiro: qualquer um menos Dida. Laterais: alguém no lugar do Cafu, que não seja o Cicinho. Zaga: Caçapa (Lúcio é anticonfiável) e Alex (nosso único zagueiro). Volantes: Juninho Pernambucano (precisa explicar?) e Mineiro ou Renato (porque além de armarem, também marcam e desarmam melhor que o Emerson).
(viii) Finesse. Henry é o jogador mais elegante do mundo. Com Zidane a seu lado, a França promete ser de longe o time mais elegante da Copa; de ofuscar a camisa rosa e os ternos do Luxemburgo...
(ix) Toc de bola. O Brasil tem o maior craque, Ronaldinho Gaúcho. Além de Kaká, Ronaldo, Adriano e Robinho. Todos apressados, obcecados demais, compelidos pela meta adversária: para bem ou mal, o escrete sofre de transtorno obsessivo-compulsivo. No futuro, quando perder um pouco do vigor, e não puder infernizar o adversário a cada segundo, talvez nosso guia e supercraque ressalte sua elegância. Mas no momento ainda é compulsão e obsessão.
(x) Tem que pesar na Lua.Em 1998, Ronaldo pesava oitenta e três quilos e meio. Ponto. Se todos afirmam, sem hesitar, que o craque "ganhou MUITA massa muscular", e em vez de mais definido, está é mais banhudo, a conclusão segue diretamente: Ronaldo decerto pesa mais que oitenta e três quilos. Mas não pra balança de nossa seleção: lá ele pesa 83 cravado. Menos até que na copa da França, vejam vocês. Será que a gravidade na Granja Comary é diferente? Lá é bem alto, pode ser uma explicação. Ossos pneumáticos também. Outras:
- Quebrou a balança;
- Ética médica, em contraponto a gestões anteriores;
- Caixa Dois. Se E= mc^2, e o preço da energia está pela hora da morte, é bem provável que uns oito a doze quilos tenham sido desviados pra financiar a campanha do PT.
Mas tudo bem: prum gordo do joelho só, até que ele joga o fino.