Quem me conhece sabe que sou tão analfabeto, que precisando passar um cheque de 60, faço dois de 30 pra não passar vergonha.
E assim provo que pelo menos com números sou bom. Telefone, por exemplo, consigo decorar a primeira metade dos algarismos sem nem pestanejar.
Mas a gente mal tem tempo de esvaziar o champagne, e já nos empurram goela abaixo que este é o ano disso, o ano daquilo. Só de animais, foram uns 20; suficiente para uma assembléia do estado, suficiente para um campeonato nacional. Também é ano de profissionais diversos, e de pelos menos 256 cores. Não dá, é demais pra minha cabeça.
Aí eu lembrei daquele livrinho sobre tênis, o Infinite Jest, em que cada ano é patrocinado por alguma marca de sucesso, e vi que a coisa fazia mais sentido que a realidade -- conclusão, aliás, nada surpreendente. E como a maior parte da ação por lá transcorre no Ano da Fralda Geriátrica Depend, decidi que este é o ano do Fraldão.
E será mesmo. No futebol é óbvio: viveremos de aspirantes imberbes e de vovôs-garotos, que na tenra idade de 41 anos ainda consigam se arrastar em campo para alcançar artilharias... Afora a seleção sub-olímpica, que estará em voga; ou a prometida Renovação da Copa América.
O Pan-não-Americano, nossa maior competição, segue pelo mesmo caminho. Velhos de guerra como o japonês do ping-pong de mesa, novas caras pensando em Pequim... Talvez seja a natureza do esporte: quem é, é; quem não é, não é. A bola fez que iu, o craque acabou fondo. Se você é bom desde o começo, será bom o bastante no final. E se não for, não espere aprender muito mais pelo caminho.
E a primeira última da temporada: parece que os jogadores do Fluminense assistirão a jogos do passado. Pois eu acho que a torcida devia fazer o mesmo. Rápido. E não é só a do Fluminense, não. Ah, que até nossa tristeza era mais bela! Limonada de maçã suncês.