O Site Oficial da Copa do Mundo de 2014

sábado, dezembro 31, 2005

De Não Tirar o Chapéu

Comovente vitória de Marílson dos Santos, O Predador, nesta são Silvestre. Finalmente fechamos bem o ano, sem bandeirinhas do Brasil ou aviõezinhos ridículos: se alguém invadiu a pista, foi pra entregar o boné do patrocinador -- que nosso desportista morto de fome não retirou nem na hora em que o governador tentava pôr em sua fronte a coroa de alfaces.

Cena lindíssima. Que prova somente os mais mesquinhos sobrevivem no esporte. E por isso mesmo o Real Madruga é dos maiores mistérios contemporâneos: como algo tão comercial pôde dar errado? Já encaminhei projeto de pesquisa para o Menestrel da ciência e cultura, requisitando quatorze meses de bolsa para estudar o assunto.

É verdade que eu não sou sociólogo nem psicólogo, mal sei escrever, e nunca aprendi a pensar, porém enchi meu projeto com testemunhos de conhecidos da padaria, que afirmam categóricos: "ele é muito foda", "esse cara é gente", "é pra globo?"

Parece-me causa certa, mas como 90% dos juízes só têm merda na cabeça, vejamos no que dará... estou otimista.

Mas ansioso. Sobretudo com essa história dos cientistas, de esperar mais um segundo pra comemorar o ano novo. Aê, vai dar confusão, escreve o que eu tô falando. Pelas minhas contas, são só oitenta centésimos. Se meu cabelo crescer errado, hão de me pagar com a vida.

Claro que vida é mercadoria barata nesses tempos sombrios, mas se der pra pagar o conserto da geladeira já está legal. Ê, limonada.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

A Virtude de um Meia-Atacante é um Terçol no olho do Diabo

Da morte nada se sabe; e da vida deduzimos apenas que no estadual o Americano se sairá melhor que o Botafogo, e o Flamengo não vai ganhar do América.

Mas até isso vocês podem esquecer. Pois se quanto maior o salto, maior a queda, com a tentativa de contratar Rrrrivaaaaldo, o América só vai parar no inferno.

Segunda divisão é logo ali, e pela primeira vez em 513 anos de história temo pelo pior -- salvo chifres em peças do Nelson Rodrigues. Porque a salvação do América sempre foi o empate amigo com o Bangu na última rodada, ou derrotar seu maior freguês, o Flamengo*. Mas com essa história de bom velhinho, de mestre Riovaldo, sei não: Americano na reta final, in hoc signo tu vais pra cucuia.

Felizmente, a probabilidade do negócio se concretizar é tão expressiva quanto a de Ronaldo vir jogar no Flamengo. Ou Paulo Autuori romper sua palavra com o São Paulo.

(*) confrontos nos estaduais deste milênio:
2005.03.23: América 0x0 Flamengo
2004.02.08: América 4x3 Flamengo
2003.02.22: Flamengo 2x3 América
2002.04.21: Flamengo 1x1 América
2002.02.02: América 4x0 Flamengo
2001.03.29: América 2x1 Flamengo

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Nada a Declarar

Devido às transferências no futebol brasileiro serem extremamente chulé, os jornais têm enchido linguiça com declarações de técnicos, jogadores e profissionais do esporte nos últimos dias.

Ou seja: não basta não ter futebol na tevê; a gente ainda tem de ler e escutar aquele monte de bobagem. Pura maldade.

Por essas e outras, e porque a experiência me levou a não esperar nada da imprensa, é que sou contrário a férias pra jogador de futebol. O sujeito trabalha três horas por semana, tem folga por indisciplina, e ainda quer férias? Ah, vai se catar.

"Oh, mas pobrezinho dele", diria o ursinho Poof, "ele treina noventa horas por dia, e ainda tem de concentrar."

Fala sério, ursinho Poof. Não são os próprios que dizem treino ser treino, e jogo, jogo? Então... E grandes concentrações que fazem: jogar baralho e sambar, sem ter a mulher por perto pra torrar o saco. Aí até eu. E os solteiros descansando da semana de orgia, enquanto entram no ICQ, em banda larga, pra marcar noitada depois da partida. Sem comentários.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Já se foi o Disco Voador

Maradona veio ao Rio e provou, mais uma vez, que mesmo com a cirurgia do estômago continua o maior do mundo.

Não apenas deu um show na pelada de veteranos das malvinas, como espinafrou a imprensa, ignorou os fãs, e ainda destruiu a área vip do Galeão.

Em vez de reprová-lo, os brasileiros deveriam se conscientizar de que têm mesmo muito a aprender com o pibe de oroz... porque escrachar a imprensa, o São Paulo já fez pra conseguir o mundial; mas pra chegar ao bicampeonato precisaremos de muito mais.

Prometer aos jogadores que não haverá maratona da morte após o título seria um bom começo. E fretar jatinho pra evitar aporrinhação também ajuda. Mas garantir que a alfândega vai deixar passar toda a muamba é o fundamental.


aculturação indígena: suas conseqüências e diversão pra família

domingo, dezembro 18, 2005

Easy Like Sunday Morning

Em 77 e 78, perdeu por WO. Em 81, de goleada. Em 84, de um time de estudantes. E agora perde até do mais fraco São Paulo dos últimos vinte anos.

Ridico, ridico. Ninguém no mundo tenta, só mesmo o Liverpool para ser penta.

sábado, dezembro 17, 2005

Então é Natal

Observar a troca de técnicos ao fim da temporada é convencer-se de que o futebol brasileiro deixou de ser um esporte, paixão ou mesmo um negócio, para virar um simples inimigo oculto. E quem não se convencer, que experimente olhar os empréstimos de jogadores. Pura maldade; coisa pra fazer o Esqueleto, o dr. Gori e o Pica-Pau pensarem duas vezes antes de sair de casa.

O inimigo oculto é sem dúvida a metáfora perfeita pro futebol brasileiro. E a brincadeira é tão apreciada pelos dirigentes, que eles não fazem só no Natal, não: é o ano inteiro, como uma espécie de micareta do mal.

Dá até pra fazer bolão: quando o Athirson volta pro Flamengo? qual próximo craque o Fluminense perderá seus rivais? que grande clube carioca pegará o Joel ano que vem? que plagas Túlio Maravilha assombrará no Brasileirão? Onde vai para tudo isso?

Ao menos para a última pergunta a resposta é fácil: no Nova Iguaçu. Quando se aposentou da profissão de enceradeira, Zinho imaginava transformar-se em xampu, manager ou empresário de futebol: virou papa-defunto. No bom sentido, é claro...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

O Gênio do Time

Ao contrário de toda a imprensa especializada, afirmo, categoricamente, que o São Paulo fez uma partida maravilhosa na manhã desta quarta-feira.

Porque se os ingleses já são pomposos por natureza, após assistirem ao VT daquela coisa horrorosa, vão até tomar chá de garrafinha durante a partida. Só pra relaxar. E, convenhamos, o desdém do adversário é a mais promissora via para o tricolor paulista nesta disputa.

Lamento apenas que o Rogério Ceni não tenha bicado a falta pra lateral. Mas tudo bem, tudo bem. Pensarão os ingleses: "A goalkeeper is their best striker? God's sake!", e rir-se-ão garbosamente, enquanto derramam cerveja preta e comentam a crise em torno de nossa mixa premiação.

Pois, sim, a crise foi criada pela imprensa marrom justamente pra distrair os nobres desportistas bretões. Mas os jogadores do São Paulo entenderam tudo errado. Jogador é tudo tonto mesmo, como já vaticinava Edílson Pereira de Carvalho.

Mas pra não dizerem que estou generalizando, que existem exceções, escalo a seleção brasileira de todos os tempo, baseada no QI:

Leão; eu, Domingos da Guia, Nilton Santos, Leonardo; Dunga, Falcão, Zizinho, Sócrates; Tostão e Garrincha.

O Garrincha vocês vão me perdoar, mas nem teste de QI barra.

sábado, dezembro 10, 2005

O Último a Sair Mate o Paul

O que mais me emocionou no sorteio da Copa foi o mágico interpretar várias grandes figuras do futebol ao mesmo tempo, e ainda conseguir sortear as bolinhas certas para a Argentina. É o maior.

Mas não vos preocupeis, hermanos, não vos preocupeis: Copa tem todo ano.

Além disso, virei a madrugada fazendo contas, e cheguei à conclusão de que há 3% de chance da Argentina pegar a si mesma na final. Ora, então a situação não pode estar tão grave assim... grupo da morte, coisa nenhuma; quando muito, da gatinha de Schrödinger.

E para mais detalhes sobre os confrontos do porvir -- coisa bonita, tipo Angola vs. Irã, ou Coréia vs. Togo --, tó uma sensacional tabela automática.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Grupo de Extermínio

Circuito de tevê, que nada. A grande falha da administração Havelange foi não ter implementado uma lei dizendo que toda Copa a Argentina tenha de cair no grupo da morte. E o Brasil deva pegar o Kafelnikov nas quartas-de-final. Ou pelo menos uma dessas duas coisas.

Um fiasco, meus caros, um fiasco. Mas não é hora de lamentar o passado, e sim de pensar no futuro. Os cabeças-de-chave foram escolhidos segundo o método apontado dias atrás; já o Europeu da de fora, não, pois a FIFA resolveu usar um outro: "olha, é o último ranking e não se fala mais nisso".

Não reclamo, e pelo contrário. Antes Sérvia & Montenegro que Ucrânia. Primeiro que não são nem um país, estão mais pra nome de dupla sertaneja. Segundo, que eles não têm Shevchenko. Terceiro, que há sempre a possibilidade de cair um juiz da Croácia pra apitar. Pra não falar do Pet, que é inimigo pessoal de todo mundo por lá, e há de nos entregar o jogo -- quase da mesma forma que entregou pro Palmeiras no último domingo.

Ah, direis da História... que nossos confrontos com a Iugoslávia ao longo das Copas foram bem menos favoráveis que aqueles contra a União Soviética. Talvez, talvez. Mas se isso fosse argumento, então era só pôr a Inglaterra e a Suécia pra gente logo de cara, que eu punha a cerveja pra gelar. Você quer isso? "Olha, então é Sérvia e não se fala mais nisso."

domingo, dezembro 04, 2005

Campeão Mundial de Perder Pênalti

Patético o choro dos perdedores... falemos de algo menos comovente.

Em busca do milésimo gol, Romário "The Dude" Faria alcançou marca muito mais expressiva. Não me refiro à artilharia do Brasileirão aos 40 anos, mas ao recorde mundial de desperdiçar pênaltis. Não fossem as seguidas contusões na carreira conturbada e vitoriosa do Baixinho, já teria chegado aos 100.

Às minhas palavras, contraporão que a artilharia veio justamente por duas penalidades. De fato, porém isso apenas reforça minha tese, pois a principal característica do destino é sua sórdida ironia. Além disso, sempre que o bom velhinho errava, o árbitro mandava voltar.

Mas tudo bem, tudo bem, não há pressa para a marca centenária. Com uma eternidade pela frente, e nenhuma perspectiva de treino neste ínterim, podem ficar seguros: ele chega lá.

E, de qualquer modo, a marca do baixinho já é espetacular. Perdendo, por baixo, quatro ou cinco pênaltis por ano desde que tornou ao Brasil, e mais um ou dois anuais quando ainda não era dono do time, já atirou pelo menos uns 65 no lixo.

Carlito Tevez é um sucesso no Brasil. E aí, Palermo, vai encarar?