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terça-feira, novembro 29, 2005

Fair-Play o caralho

Se a arte morreu, e todo Sócrates é mortal, segue logicamente que também o futebol-arte tenha falecido. Ou seja: pra se ganhar Copa-do-Mundo, hoje, é preciso ser viril, chegar junto na jugular. E uma demonstração cabal é desde 1990 o campeão do mundo ter, sempre, pelo menos um expulso em sua campanha.

1990: Rudi Völler (Alemanha 2x1 Holanda - oitavas)
1994: Leonardo (Brasil 1x0 EUA - oitavas)
1998: Zidane (4x0 Arábia Saudita - 1a. fase), Laurent Blanc (França 2x1 Croácia - semifinal) e Marcel Desailly (França 3x0 Brasil).
2002: Ronaldinho Gaúcho (Brasil 2x1 Inglaterra - quartas)

É só isso? indagareis. Sim, e aí reside a força do argumento. Antes desta sequência belíssima, nenhuma seleção campeã do mundo tivera um só expulso durante a competição. Nenhuma.

Ok, há uma exceção: Garrincha foi expulso nas semifinais de 62. Mas foi porque o árbitro entendeu errado, ele só estava brincando com o adversário, ao atingi-lo com um potente chute nos glúteos. E tanto é verdade, que nosso Mané pôde atuar na partida final.

Mas aos poucos as cousas mudaram, e agora a história é outra. E vou além: quanto mais gratuita a expulsão, maior o tombo do adversário, e portanto as possibilidades de uma seleção.

Völler apenas revidou, e por isso a Alemanha, embora muito superior, teve dificuldades incríveis em derrotar a Argentina -- que ainda cavou algumas expulsões na final para melhorar suas chances. Leonardo, o bom moço, fez sem querer, e só faltou expulsar-se a si mesmo da partida, chorando de arrependimento. Resultado: fomos pros pênaltis. Em 98 a França descontou toda sua ridícula história bélica, e transformou a Copa num banho de sangue. Resultado: 3x0, podendo ser mais. Mas com a graça do bom Deus, nosso craque gaúcho trouxe de volta o caneco, ao entrar de sola, de forma criminosa e afetada, num pobre companheiro bretão.


Ronaldinho não acredita em sua sorte

Sim, Ronaldinho é o nome da Copa de 2002. Gol e assistência, que nada: sem aquela entrada covarde, jamais teríamos erguido a taça. Ronaldo, Rivaldo e Família Scolargh, um bando de perdedores. Carrinho por trás, In Rocky Signo Vinces.

domingo, novembro 27, 2005

Consciência Súbita da Morte

Um minúsculo poeta disse certa vez que "o tempo não pára". Mas a pilha acabou, e, enquanto o tempo não passa, distraio-me com algumas reflexões.

(i) O que vale mais: jogar bem, ou ganhar o título?

Sendo uma questão de valor, a resposta parece impossível. Mas não no caso desta Copa do Mundo, em que a dicotomia nunca pareceu tão falsa. Porque se alguém jogar bem, é muito provável que leve a taça. E como jogar mal não garante coisa alguma, o mais importante é jogar bem. Exceto contra a Argentina; aí pode ganhar roubado e jogando muito mal, que está bom do mesmo jeito.

(ii) Émersão é o anticristo?

Não. O anticristo é Bobby Moore, camisa 6 e capitão da Inglaterra na copa de 66. E a quem duvida, acrescentamos que a sobredita camiseta era vermelha.

(iii) A segunda pergunta guarda correlação com a primeira?

Se você for cristão, sim. E se for católico, melhor.

(iv) É correto para um médico se aposentar durante uma cirurgia?

Apenas se for árbitro de futebol.

(v) O que você está lendo?

sábado, novembro 26, 2005

Estupidez, o grande momento do futebol

Mas o Náutico foi exagerado. Freud e a estupidez humana, apenas, serão incapazes de explicá-lo. Em todos esses anos nesta indústria vital, esta é a primeira vez que isso me acontece.

Dirão alguns que o destino é espetáculo armado pelos deuses do futebol. Não sei. Mas que o Espírito de Perdedor afundou os jogadores do Náutico hoje, não há dúvida. E como a história é escrita para os filhos dos vencedores, fica a heróica vitória -- e a confirmação de mais um craque do porvir.

Caneleira de Ouro: para o árbitro, que foi muito além dos erros de Márcio Rezende, mostrando que merece a indicação para sua vaga na FIFA, além das bicudas dos craques tricolores.

Bola de Ouro: para o grego e obeso Polyvios Kossivas, que mais uma vez apareceu de forma heróica e dramática, marcando um touchdown com o torcedor gremista que tentava invadir o gramado.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Cabeças-de-chave

Divulgado o ranking de dezembro pela FIFA, calculei os cabeças-de-chave segundo um esquema similar ao divulgado pelo Planet World Cup -- da copa anterior. Atribuindo peso 1 para o ranking efetivo de dezembro de 2005, 2004 e 2003, peso 2 para a copa de 2002, e peso 1 para a de 98, temos:

1 Brasil: 31,83 pts.
2 Espanha: 26,17 pts.
3 Inglaterra: 25,33 pts.
4 Alemanha: 24,67 pts.
5 Argentina: 24,00 pts.
6 México: 23,67 pts.
7 França: 22,00 pts.
8 Itália: 21,83 pts.
9 EUA: 20,50 pts.
10 Holanda: 19,17 pts...

E convém destacar que a pior seleção europeía, segundo tais critérios, é a Ucrânia...