Daily Summary: -2
A página oficial assim registra, solucionando uma disputa filosófica muito antiga, sobre a existência ou não dos números negativos no mundo natural e na matéria inanimada -- se até a antimatéria é dotada (nossa) de energia positiva... agradeço, vertendo lágrimas, ao arquiteto de informação que tão célebre questão resolveu, mas vamos aos eventos, i.e.: ao futebol.
Destacaram-se no primeiro dia a vitória magra, quase de má vontade, das garotas brasileiras sobre as australianas, e as goleadas das gerdas sobre as chinesas (oito a zero), dos argentinos sobre os sérvios-e/ou-montenegrinos (seis).
A opinião nos bares é definitiva: a seleção feminina brasileira não tem chance sequer de medalha; a Alemanha será a campeã, e os hermanos hão de receber os louros que há cinquenta anos buscam. As partidas restantes não são nem mesmo mera formalidade; são, antes, um descuido da Organização.
Ignoram os problemas que nossas meninas tiveram, a perda da centroavante; que a China remonta sua seleção feminina com vistas aos próximos Jogos; e que o time de Sérvia e Montenegro, país que mal possui estados suficientes para chamá-los unidos, foi incapaz de levar uma seleção a Atenas.
O último caso é o mais emblemático, nunca houve tão clara prova da cegueria desta pátria cujo passatempo é cuspir para o alto. Quando se trata de cantar nossa desgraça, ou exaltar a grama e a urbe alheias, o brasileiro é incapaz de perceber o óbvio. E o óbvio é que a seleção da Sérvia e Montenegro só tinha 13 atletas, não dispunha de jogadores nem para completar o banco, nem para realizar o número de substituições permitido pela regra. Se o Zagallo fosse o técnico da argentina, o infarto seria iminente.
Eu, no canto de meus anos, vejo com alegria a humildade de nossa vitória, e percebo desígnios terríveis nas goleadas em jogos de abertura. Os fundamentos e a condição atlética de nossa equipe estão melhores que em outras ocasiões. A medalha luzirá como ouro, qualquer que seja, e nunca esteve tão próxima. Talvez não venha. Talvez. Mas quem deu o primeiro passo para uma tragédia foram alemãs e argentinos.
A página oficial assim registra, solucionando uma disputa filosófica muito antiga, sobre a existência ou não dos números negativos no mundo natural e na matéria inanimada -- se até a antimatéria é dotada (nossa) de energia positiva... agradeço, vertendo lágrimas, ao arquiteto de informação que tão célebre questão resolveu, mas vamos aos eventos, i.e.: ao futebol.
Destacaram-se no primeiro dia a vitória magra, quase de má vontade, das garotas brasileiras sobre as australianas, e as goleadas das gerdas sobre as chinesas (oito a zero), dos argentinos sobre os sérvios-e/ou-montenegrinos (seis).
A opinião nos bares é definitiva: a seleção feminina brasileira não tem chance sequer de medalha; a Alemanha será a campeã, e os hermanos hão de receber os louros que há cinquenta anos buscam. As partidas restantes não são nem mesmo mera formalidade; são, antes, um descuido da Organização.
Ignoram os problemas que nossas meninas tiveram, a perda da centroavante; que a China remonta sua seleção feminina com vistas aos próximos Jogos; e que o time de Sérvia e Montenegro, país que mal possui estados suficientes para chamá-los unidos, foi incapaz de levar uma seleção a Atenas.
O último caso é o mais emblemático, nunca houve tão clara prova da cegueria desta pátria cujo passatempo é cuspir para o alto. Quando se trata de cantar nossa desgraça, ou exaltar a grama e a urbe alheias, o brasileiro é incapaz de perceber o óbvio. E o óbvio é que a seleção da Sérvia e Montenegro só tinha 13 atletas, não dispunha de jogadores nem para completar o banco, nem para realizar o número de substituições permitido pela regra. Se o Zagallo fosse o técnico da argentina, o infarto seria iminente.
Eu, no canto de meus anos, vejo com alegria a humildade de nossa vitória, e percebo desígnios terríveis nas goleadas em jogos de abertura. Os fundamentos e a condição atlética de nossa equipe estão melhores que em outras ocasiões. A medalha luzirá como ouro, qualquer que seja, e nunca esteve tão próxima. Talvez não venha. Talvez. Mas quem deu o primeiro passo para uma tragédia foram alemãs e argentinos.
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