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quinta-feira, agosto 26, 2004

Bobeou com a gente, Bimba!

O elejador brasileiro na classe Mistral conseguiu o mais difícil: perder uma medalha.
Foi líder na maioria da competição, precisava de resultados simples (o que vinha fazendo durante todas as regatas) para levar a medalha de ouro. Caso não quisesse o ouro, poderia ter um resultado bem pior e levar a prata. Ou então uma desastrosa colocação e levar o bronze.
Bimba conseguiu ser pior do que o possível. Pior do que o imaginável. Nem mesmo o mais pessismista e anti-patriota diria que ele perderia a medalha. Todos os velejadores, jornalistas, esportitas, mergulhadores, seres mitológicos, algas e seres abissais ficaram desapontados e boquiabertos.
Ele jogou bilboquê com uma bola de boliche e acertou. Fez o impossível.

Na classe Star, Torben Graal (o velejador sagrado) ganhou o ouro juntamente com aquele loiro que só serve como peso de papel e contra-peso no barco.
Ao chegar à marina*, cantavam: 'Eu sou brasileiro, com muito orgulho,com muito amor...'
Confesso que não gosto deste cântico. Dá a impressão de que ser brasileiro é um erro. 'Sou brasileiro sim, e daí?' Parece uma resposta aos civilizados que apontam: 'Você é brasileiro? Que merda, hein...'
No caso de esportistas que cantam tais cançõezinhas, dá-se a impressão de que o fazem justamente por serem brasileiros. Querem destacar que são brasileiros, pois o Brasil não tem medalhas e aqui serão celebridades. Caso fossem americanos ou chineses, seria mais uma medalha no meio de tantas. Mais um na multidão.
Mas exaltar a sua condição de brasileiro é quase que dizer: 'Sou absoluto! Ganhei medalha e virei celebridade...Só espero não dar entrevista pra Glória Maria...'
Serão lembrados ad eternum por uma nação sem esperanças e carente de ídolos.
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(*) em frente ao coqueirto verde, esperei uma enormidade, já fumei um cigarro e meio e marina não veio....