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quinta-feira, outubro 07, 2004

Um em um milhão

Ou seja, diferença essencial nenhuma entre o seu clube e outros um milhão por aí... Isso quando não semos pior. Sobre nossos "craques" passaremos em branco, pelo dever constitucional de respeito à pessoa humana.

Outro dia eu fui comprar uma camisa do América, tentaram me empurrar uma do Flamengo dizendo que era a mesma coisa. "E sua mulher não vai ser corneada pelo Nelson Rodrigues."

Não comprei a do Flamengo, que acho o time muito ruim.

O um em milhão, pra valer, foi Pelé. Pelo menos é o que me ensinaram no filme do forévis. Eu, que fui ensinado a não furar a fila, nem falar nome feio, acredito e ponho a mão no fogo.

O rapaz era bom mesmo. Tão bom, mas tão bom, que criou esse mito absurdo de que os negros sejam melhores jogadores que os brancos, a despeito de todas as teorias sociológicas, gilberto-freyrísticas ou não, que se poderiam opor.

Claro está que Maradona, Garrincha, Zico, Zidane, Di Stefano, Platini, Puskas e Fenomenaldo são todos inferiores. Pois se, ora, não são nem pardo-escuro, ai de quem ousar os comparar a Pelé. Constarão de qualquer lista dos 20 melhores de todos os tempos, mas não o comparem ao Pelé; é o atestado de óbito do comentarista. Os entendidos dirão, sem pestanejar, que "Pelé era mais completo".

Mas basta surgir um Denilsinho, um Robinho, um Ronaldinho qualquer, fazer malabarismo pra turba, que começam as comparações. Aí vale. Não por muitopo, mas vale. Não por muito tempo, que logo entra o argumento da objetividade. Nenhum jogador negro, em toda a história, nem Eusébio, nem Michael Jordan, nem Mike Tyson, nem Mohammad Ali, foi tão objetivo quanto Pelé.

Sempre dirão. Ou isso ou aquilo. Pelé não foi apenas o um em um milhão. Pelé será para todo sempre. Não importa que surja alguém melhor agora ou depois. O título é perfeito. O filme é fuinha. Mas dá para divertir numa viagem de ônibus. Ou durante o almoço do final de semana.