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sexta-feira, agosto 27, 2004

Marion Jones não é feia nem bonita, é de uma espécie diferente.

Ontem não foi seu dia. Nunca é exatamente o dia de Marion Jones. Em Sydney, esperava cinco ouros, mas levou apenas três (dois individuais) e dois bronzes. Ontem, em suas duas provas, conseguiu apenas o quinto no salto em distância, e foi incapaz de passar o bastão corretamente no 4x100m rasos -- a menina a quem o passaria correu antes do devido (ou correra ela menos que o esperado?)

O brasileiro, portanto, acrescentou mais uma certeza ao seu panteão de verdades: Marion Jones, americana má e dopada. Não dão um desconto para sua gravidez recente, o nervosismo feminino, ou seu envelhecimento gradual. Pior: não atentam para o fato óbvio de que, há seis anos, é a atleta mais visada pelo antidoping, que nunca registrou nada.

Não, cantam as crianças na rua, Marion Jones dopada / Injetou THG por toda entrada. O mendigo fedorento que vasculha o meu lixo afirma sem hesitar: "Marion Jones? A que casou com os dopados? Sou pobre mas sou limpinho."

Assim é o Brasil. Se fosse mais inteligente, assediaria a grande atleta neste momento de dificuldades, oferecendo a nacionalidade brasileira, a possibilidade de ser estrela maior numa terra de samba e coqueiros. E tudo isso quase sem nenhum custo*. Pelo contrário, traria investimentos, strairia patrocínio.

(*) gastamos 4.6 milhões com atletismo nos últimos três anos, e nenhuma melhora, embora existam esta e aquela esperanças.

Marion Jones é o que queremos, Marion Jones é o que podemos, Marion Jones virá. Tragam Marion Jones, e manará pão da terra. Tragam também seu marido, e naturalizem o filho, God's sake. Naturalização, in hoc signo vinces. Ou pelo menos se consegue um pódium.

Mas sério: naturaliza pelo menos as comunistas, vai.

Quadro de Medalhas
29.34.27 (90) EUA
27.17.13 (57) CHINA
17.23.28 (68) RÚSSIA
17.11.16 (44) AUSTRÁLIA
15.10.10 (35) JAPÃO
(...)
03.03.02 (07) BRASIL (20o.)