Como Escalei o Everest e Passei a Amá-lo

Não bastassem as mesas inteligentíssimas sobre como o escrete precisa jogar, futebol moderno etc, desta vez o certame é em Golgotá, a 8.848 metros. Ora, se a FIFA ainda não se convenceu dos problemas da altitude é porque não viu as reportagens: sempre as mesmas. Por favor nos poupem, proíbam os jogos acima de 500m, ninguém aguenta mais essas reportagens sobre altitude.

Mas a pior categoria de reportagem sobre altitude, pior até que os especiais sobre a Nigéria de fim de ano, são as entrevistas dos alpinistas. Céus, tem sempre aquele momento infalível, em que o herói toma um ar, olha na lente da verdade, e diz com o maior descaro: "o mais difícil é a descida".

Tá bom então, vamos fazer o seguinte: quando você estiver chegando lá no topo, depois de quarenta dias de neve e de pedra, no momento em que você for pisar no cume, pára tudo. 'Xá comigo. Chama o rádio, que eu venho de helicóptero e finco a bandeira no esplendor de sua glória.

Você volta com ajuda dos controladores de tráfego aéreo, e eu com minha prancha de snowboard, e as cordas, pítons e mosquetões já presos no caminho. Peço apenas apenas 60%, já que é a parte mais difícil. Além do meu nome primeiro na capa do livro e dos afagos do Jô.

A parte mais difícil. Daqui a pouco está falando da nobilitude do trabalho. Ensino gratuito e de qualidade. Da importância do Maradona voltar pra marcar. Vai ver se a mãe tá na esquina.